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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Comic Con, aí vou eu!

Em março deste ano, fui convidada pelo TeleSéries a escrever um texto para coluna Séries & Eu, contando minha experiência na Comic Con. Como, na época, ainda não tinha meu blog, resolvi, agora, compartilhar a experiência com vocês.


Eu sou fã de seriados desde sempre. Comecei, ainda criança, com As Panteras (alguém aí ainda se lembra de Kelly, Cris e Sabrina?), e não parei mais. E as séries policiais sempre tiveram um charme a mais, para mim. Algo como… pessoas normais também podem ser heroínas.

Com o passar do tempo, convenções e pequenas reuniões começaram a surgir no Brasil e, é claro, sempre que possível, eu marcava presença. E foi assim que acabei fazendo parte de um grupo de teatro amador que realizava performances baseadas em seriados de sucesso. Essas experiências fizeram com que eu conhecesse cada dia mais fãs, não apenas das minhas séries favoritas, mas de seriados de todos os tipos, o que foi muito legal! E foi aí que comecei a ouvir comentários sobre as Comic Con de San Diego, consideradas as maiores do mundo.

Um ou outro felizardo que havia tido a experiência da Comic Con relatava sua história para alguém e logo todos estavam sabendo. Cada um contava uma parte do todo e eu ficava imaginando a sensação incrível que deveria ser estar num evento grandioso como esse.

Alguns anos mais tarde, numa reunião de amigos, surgiu a pergunta: “Vamos à Comic Con ano que vem? (2012)” E de uma brincadeira, logo o papo ficou sério e eu me vi pesquisando tudo sobre Los Angeles e San Diego – CA. Mesmo sem a certeza de que conseguiria comprar os ingressos (o que é um verdadeiro drama) e sem ter a menor ideia de quem seriam os convidados, eu já fazia planos toda animada.

O drama dos convites se deve à venda dos ingressos ser feita pela internet e é preciso ter um cadastro prévio, com um username e uma senha definidos pela equipe organizadora da Comic Con. Ok. Com tudo em mãos, lá fui eu para a frente do notebook, na maior ansiedade, pois o comentário era de que muita gente não consegue comprar os ingressos, o site fica congestionado… enfim, todos os tipos de contratempos que acontecem nessas compras pela internet. E… aconteceu um desses contratempos comigo!

Quando chegou minha vez na fila, a senha fornecida não funcionava! Ainda haviam ingressos disponíveis para três dias, mas eu não conseguia comprá-los! E por mais que eu tentasse… não consegui! Dá para imaginar o tamanho da frustração?!

Passados aqueles quinze minutos de desespero (ok, foram bem mais que quinze minutos…), resolvi escrever um e-mail para a equipe organizadora do evento e, para minha surpresa, eles me responderam rapidamente. Após verificarem o meu caso, perceberam que havia acontecido o que eles chamaram de “problema de sufixo de sobrenome”, o que nada mais é do que uma pane no programa que eles utilizam e que não está acostumado com as preposições da nossa querida língua portuguesa.
Resultado: a equipe foi extremamente gentil e educada comigo e, como forma de se desculparem pelo transtorno, me ofereceram a possibilidade de comprar ingressos para todos os dias. Dá para acreditar?! O que parecia o maior dos azares se transformou no maior golpe de sorte. E com uma chance dessas, é claro que eu comprei ingressos para todos os dias.

A Comic Con, para mim, sempre foi a respeito do evento em si, e não sobre qual celebridade eu poderia encontrar por lá. Estar em San Diego, num mega evento de seriados, cinema e quadrinhos, cercada de pessoas com os mesmos gostos que eu, era tudo o que eu queria. E assim, eu não me preocupei com quem seriam os convidados de destaque e me mantive tranquila até a divulgação da programação oficial, que só saiu quinze dias antes da Comic Con.

Sou fã de Castle, Criminal Minds (hoje em dia nem tanto, a saída da Prentiss colocou um fim na série, para mim), NCIS, NCIS LA, Law and Order: SVU e outras séries policiais. E quando saiu a programação, para minha surpresa e felicidade, não seria apenas uma Comic Con, mas uma Comic Con com a presença de Paget Brewster (Emily Prentiss, minha personagem favorita de Criminal Minds) e Nathan Fillion (Castle).

Ainda assim não me permiti ficar muito empolgada, pois sabia que as pessoas costumam dormir na fila para ver seus ídolos, o lugar fica lotadíssimo e é uma verdadeira maratona conseguir encontrar os atores mais famosos. E dormir na fila era algo totalmente fora de cogitação para mim. Eu queria uma experiência agradável e tranquila, nada de stress.

Chegando em San Diego, eu e os dois amigos que me acompanharam resolvemos dar uma passadinha no centro de convenções. Era quinta-feira (primeiro dia), e só queríamos ver como era o evento, pois nesse dia não tinha muita coisa que nos interessasse. Era tanta gente naquele espaço gigantesco que demorou cerca de quinze minutos para que eu me separasse deles, e assim foi todos os dias. Eu curti a Comic Con sozinha, com exceção de alguns poucos momentos em consegui encontrar com meus amigos, sempre meio que por acaso. Conheci muita gente legal , a maioria americanos e, quando eu falava que era brasileira, todo mundo ficava interessado em saber como são as coisas por aqui. Foi bem legal.
Como não havia nada em especial que eu quisesse ver, decidi que iria entrar na primeira sala que estivesse mais vazia para dar uma olhada. Dessa forma, fui parar no painel de Nikita. O elenco estava todo lá e apesar de não assistir a série, fiquei encantada com a simpatia de todos, especialmente da atriz Maggie Q, que deu vida à personagem Nikita.



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Uma coisa que impressionou muito na Comic Con foi a organização e o respeito que todos têm em relação à ordem. Se um segurança fala para os fãs não ultrapassarem uma faixa pintada no chão, ainda que o seu ator favorito esteja desfilando a meio metro de distância, ninguém ultrapassa! É um evento muito tranquilo, onde todos se respeitam.
No dia em Paget Brewster estaria presente no painel de um desenho animado (não me lembro o nome, pois o conheci naquele momento) no qual ela faz a dublagem de um personagem, eu fui sozinha ao evento (apenas eu tinha ingresso para todos os dias). Quando eu cheguei, a fila era algo que sequer poderia ter imaginado… começava próxima à entrada da sala onde seria o painel, dava voltas por grande parte do centro de convenções e continuava na parte externa do prédio, dando várias voltas. Pelas conversas que eu conseguia ouvir enquanto caminhava, a maior parte das pessoas havia dormido na fila, confirmando os boatos que eu já escutara.
No momento em que, finalmente, encontrei o fim da fila, as pessoas começaram a andar: as portas da sala haviam sido abertas. Entrei calmamente e dei uma olhada geral. O lugar estava lotado! Como só havia lugares livres no fundo, concluí que não tinha nada a perder se fosse dar uma volta lá na frente antes de arrumar um lugarzinho para sentar. Quando cheguei na primeira fileira, notei um  lugar vazio… achei estranho e perguntei se aquela cadeira já era de alguém e, para minha surpresa não, ela estava vazia, linda e maravilhosa, à minha espera. Usei minha mochila para guardar meu lugar e continuei andando. As plaquinhas com os nomes dos convidados já estavam sobre a mesa e, exatamente à frente da placa com o nome Paget Brewster, adivinhem o que eu vi? Outro lugar vazio e sem dono! Me mudei pra lá imediatamente. Enquanto a maioria das pessoas ali sequer havia dormido, eu havia acordado às 9:00, tomado um café da manhã tranquilamente e estava sentada a meio metro da atriz que eu queria ver. Ah... a sorte…
O painel começou e, mais uma vez, todos foram muito simpáticos, especialmente a Paget. Durante o painel conheci uma garota americana que também estava ali por causa de Criminal Minds e tinha bastante experiência em Comic Con (ela vai todos os anos). Minha nova amiga me deu algumas dicas e me mostrou por onde os convidados costumam sair. Ao final do painel, a Paget viu que eu estava tirando fotos e fez pose, uma graça!
Eu já estava bem satisfeita com as coisas e deixei o salão sem nenhuma pretensão, mas… resolvi dar uma passada em frente à saída que a moça havia me indicado. Quando eu cheguei, encontrei novamente a mesma moça e um outro rapaz na esperança de que a porta se abrisse… e foi exatamente o que aconteceu naquele exato momento e adivinhem quem saiu de lá toda sorridente? Paget Brewster!





 Ela estava indicando o caminho do toilette para alguém e quando nos viu, e foi extremamente simpática. Veio conversar com a gente e ficou um bom tempinho “jogando conversa fora” conosco. Ela disse que ouviu falar que Criminal Minds é muito popular no Brasil. Quando pedimos para tirar foto com ela, concordou na hora e abriu um sorrisão! Ela teve uma postura muito além do profissional: nos atendeu com o maior carinho. Foi super espontânea. Uma graça de pessoa.

E quem pensa que minha sorte acabou aí… está muito enganado…
No dia seguinte, houve um painel comemorativo de dez anos de Firefly, onde Nathan Fillion era um dos convidados mais disputados, Desnecessário dizer que não consegui chegar nem perto da entrada do famoso “Hall H”, o maior salão do evento. Mas… no domingo e último dia de evento, Nathan Fillion faria uma sessão de autógrafos, da qual só poderiam participar as pessoas que fossem sorteadas.
Nesse dia, eu e meus amigos madrugamos e chegamos ao centro de convenções antes das portas serem abertas e, assim que liberaram a entrada, corremos (ok, andamos muito rápido, porque é proibido correr pelos corredores) e fomos direto para a fila do sorteio, mas… infelizmente nenhum de nós foi sorteado.
Conformados com o fato, cada um foi procurar algo interessante para fazer. Eu disse a eles que, no horário da sessão de autógrafos, eu iria passar por lá, para ver se  conseguia ver o Nathan. Eles gostaram da ideia e disseram que também iriam.
Enquanto passeava entre os muitos stands de souvenirs de todos os tipos, fiz amizade com dois seguranças que me mostraram duas possibilidades de caminho que o Nathan faria até chegar ao stand dos autógrafos. Depois de avaliar as possibilidades, dei um tiro certeiro e apenas nós três estávamos na porta pela qual Nathan Fillion adentrou ao setor de stands de vendas. Nós o vimos bem de pertinho, tiramos foto e ouvimos um “Hi guys”, que foi a única coisa que ele falou enquanto andava rapidamente. Segundos depois, Nathan desapareceu por uma portinha minúscula no stand onde daria os autógrafos.
Resolvemos, então, nos aproximar do stand, para tentar uma foto melhor. Plenamente conscientes de que estávamos atrapalhando a passagem de quem trabalhava no stand, apenas aguardávamos o anúncio da entrada do Nathan para sairmos do lugar onde estávamos, liberando a passagem. Vimos um funcionário se aproximando e já fomos saindo do caminho quando ele nos surpreendeu nos chamando: “Hei, voltem! Vocês podem ficar aqui na frente.” E nos colocou na primeira fila, logo atrás da faixa que separava o público do palco.
Imaginem nossa empolgação! A sessão de autógrafos começou animada. Pedi para uma assistente tirar uma foto dele de pertinho e ela o fez com uma super boa vontade. Só isso já era mais do que suficiente para mim. Foi quando um assistente da equipe anunciou que todos já haviam recebido seus autógrafos, mais rápido do que o previsto, e Nathan ainda tinha alguns minutos disponíveis e passou a sortear pessoas na multidão para ganharem seus autógrafos. Um dos funcionários passou correndo e tocando a mão de quem era sorteado e eis que… eu fui uma das felizardas que foram sorteadas!
Eu e meus amigos nos entreolhamos com aquela cara de felicidade e, ao mesmo tempo, decepção, porque apenas eu havia sido sorteada. O rapaz do sorteio percebeu e perguntou se estávamos juntos. Quando dissemos que sim, ele chamou meus amigos também. Foi lindo!




Não era permitido fazer pose para tirar foto, porque atrasaria o andamento da fila, mas conseguimos tirar uma foto pertinho dele, o que já está ótimo e, de quebra, conseguimos um autógrafo. Eu, particularmente, não ligo para autógrafos, prefiro as fotos, mas guardo meu pôster autografado com muito carinho, porque, vocês hão de concordar comigo: tive muita sorte nessa Comic Con!





Foi uma experiência única! A Comic Con é um lugar mágico para fãs não apenas de seriados, mas de cinema e quadrinhos. Pessoas desfilando fantasiadas por todos os lados, eventos paralelos e o agito nas ruas próximas ao centro de convenções contribuem para o clima alegre e descontraído que envolve a cidade, que é linda, durante quatro dias, uma vez ao ano, todos os anos.
Para quem tiver a oportunidade de participar de uma Comic Con, fica a dica: não pense duas vezes. Vá! Você não irá se arrepender!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Bienal do Livro 2014: momentos de pura magia!

Um portal mágico que permite a entrada para um mundo onde princesas, guerreiros, magos, ilusionistas, cientistas, pensadores e tantos outros dividem o mesmo palco e a mesma plateia que, maravilhada, aplaude de pé, com o coração repleto de poderosas emoções.

Um lugar onde estranhos conversam como se fossem velhos conhecidos, heróis desfilam em suas armaduras e capas misteriosas, crianças realizam sonhos e adultos viram crianças.

Estou falando da Bienal do Livro. Dez dias de pura magia. Dez dias de alegria e animação, onde nem sequer o cansaço de horas de caminhada abala os fãs dos livros e suas histórias.
Corredores tão repletos de leitores que, muitas vezes era praticamente impossível dar dois ou três passos. Mas nada disso abalava os fãs que disputavam um pedacinho de chão.
Tudo bem se para conseguir um autógrafo era preciso ficar horas na fila. Tudo bem se para almoçar era preciso sentar-se ao chão. Tudo bem se para ninguém se frustrar, os amigos se separavam e faziam viagens solo, cada um para um lugar diferente.
A Bienal mostrou-se um lugar de respeito entre as pessoas, apesar da enorme multidão que circulava pelos corredores dia após dia.

Quem nos dera pudéssemos ter o mesmo respeito nas ruas do nosso querido Brasil. Andar com uma mochila nas costas, em meio à multidão, confiante de que tudo continuaria lá dentro ao final do dia, afinal, quase todos tinham uma dessas às costas. Mas, na Bienal, as mochilas não eram apenas mochilas, eram casulos de sonhos, de conhecimento, de descobertas... as pessoas carregavam nas costas pura magia. Um livreto, coleções inteiras, livros gigantes, ou os menores livros do mundo. Não importa. As mochilas levavam consigo, amor, alegria, choro, ansiedade, descobertas valiosas e muito mais.

Durante dez dias, leitores aprenderam com autores e autores aprenderam com leitores.

Durante dez dias as pessoas puderam sentar-se num trono de ferro, abraçar a Mônica, exibir seus uniformes de Hogwarts, comer ao lado da Magali e muito mais.

Durante dez dias as pessoas puderam viver seus sonhos.

É por isso  e muito mais, que a Bienal deixou um vazio enorme e um gostinho de quero mais.
Uma crise de abstinência que aos poucos vai indo embora, porque a magia que trouxemos da Bienal continuará habitando nossas vidas.

E na certeza de que sempre virá outra Bienal, vamos vivendo a magia de nossos dias, nesse enorme palco chamado vida, onde cada um é protagonista de seu show e coadjuvante em shows de tantos outros.